Vivo entre fungos e vigas tortas
Na terra úmida do que fui
Onde até a luz sente nojo
E o tempo não passa, só flui
Sou verme consciente e covarde
Sabedoria podre na carne
Meu grito é mudo, mas arde
Como ácido preso na alma que parte
Não sou bom, nem sou mau… sou o resto
Um eco do que não tem gesto
Onde o homem apodrece em si
Sem grito, sem glória, sem fim
Onde a verdade fede
E o pensamento sangra devagar
Falo sozinho pra lembrar que existo
E cuspo nas tuas certezas limpas
Tenho orgulho da minha lama
Pois tua virtude é feita de cinzas
Sonhei em ser herói por um segundo
Mas tropecei no próprio nojo
Cada gesto meu é escárnio
Cada perdão, um refluxo rouco
Se me amas, me odeies primeiro
Pois só o ódio é verdadeiro
Onde o homem apodrece em si
Lar de vermes que pensam demais
Onde o orgulho é doença antiga
E a razão… uma farsa que cai
“Eu sabia o que era certo…
E fiz o contrário.
Por desprezo.
Por prazer”
EU SOU A DOR QUE SABE!
Onde o homem apodrece em si
Onde Deus é um espelho sujo
Onde pensar é um castigo
E viver… um erro contínuo
